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REVISTA LITERATURA 

CRÔNICA: O Copo de Cada Dia

O Copo de Cada Dia. Existe um fetiche pouco discutido, o do grupo que exalta a bebida alcoólica em rede sociais, adoradores de Dionísio investem em selfies para o seu bel prazer. Sem rótulo ou promoção de uma marca, registram a lascívia de que a vida tem valor a cada gole de sua bebida preferida Ao longo da história, personagens ilustres encabeçaram a lista, desde o fígado de Dean Martin, os olhos sombrios Alice Cooper, da perdição de Garrincha e o isopor da geladas brejas de Lula numa praia do Rio de Janeiro, é interessante como a bebida domina todas as classes sociais, raças e alguns credos. Do espirito Zé Pelintra ás garrafadas das ervas de patente indígenas, dizem que a bebida e a identidade fazem milagre. Nas rodovias federais brasileiras em 2020, foram 63.447 acidentes – queda de 5,9% em relação a 2019 (67.427). O número de mortes no ano passado, por sua vez, foi de 5.287, uma redução de 0,8% na comparação com 2019 (5.332), indicando que, embora tenha havido menos acidentes, eles foram mais letais. fonte Agência CNT. Em alta de 5,8%, a indústria de bebida comemora, desde 2019 esse aumento provocado pelas lives artísticas e a pandemia, ansiedade do brasileiro comprova. Os bebedores ou os Bon Vivants de plantão evocam a bebida como parceira da vida,sem o menor pudor. A bebida surge como um agraciador de conteúdo e de boa conversa e /ou de uma fuga para os problemas cotidianos e psicológicos. Nas selfies, não estão de copo na mão, ela somente é retratada como o predicado verbal: Vai uma aí. Sem rotular, os bebedores eternizam a curto flash de felicidade antes que a dor de cabeça seja curada com um engove e um gole de café forte. Para esquecer o seu amado, raiva do patrão, choro do desemprego é comemorado ao som de um refrão sertanejo ou de jazz emblusado, o joy aparece depois de sucumbir a sedutora bebida. Bacos, deus do vinho, filho de Zeus com uma mortal é reverenciado, um apelo cardíaco enobrece o paladar de cada dia. Na Santa Ceia, doze discípulos á mesa e o mestre, um número interessante que teve um desdobramento funesto. A morte de Jesus Cristo. Eles beberam o vinho da traição. Com brinde, a vida festejada, ora espreita do infortúnio; em inúmeros casos de mortes nas estradas e homicídios, a bebida alcóolica, uma tentadora maneira de sorrir, é capaz de iniciar uma trágica história. Como na música anti -hedonista e cruel de Noel Rosa, Por que bebes tanto assim, rapaz? Chega, já é demais! Se é por causa de mulher, é bom parar Porque nenhuma delas sabe amar. Ser um bon vivant tem muita estória e causos pra contar, porém com moderação, ás selfies terão registro significativo: vale a pena ser descontraído, não que seja retratado um still life de uma breja ou vinho

 

TEXTO:Cintia Corina Andreoza

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